sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Projeto "Nossa Cidade em Gêneros Textuais"


Os cusistas de Língua Portuguesa desenvolveram o Projeto "Nossa Cidade em Gêneros Textuais", com o objetivo de desenvolver a qualidade dos textos escritos pelos alunos, nos diversos gêneros. O projeto desenvolveu-se de forma interdisciplinar, os professores de todas as áreas se mostraram muito envolvidos. Com o intuito de dar suporte para que os alunos pudessem produzir textos, pesquisamos a história do nosso município abrangendo aspectos históricos, geográficos, culturais, políticos, etc... Os professores de história envolveram os alunos na pesquisa da história das comunidades rurais, a história política, os primeiros moradores, o povoado até se tornar município. Com a disciplina de Geografia tiveram a oportunidade de visitarem as fazendas antigas, apreciando suas relíquias e entrevistando seus proprietários, estudaram a localização geográfica, o rio que percorre a cidade, assim com as nascentes. Os professores de Ciências levaram os alunos a estudarem a biodiversidade animal e vegetal através de um passeio ecológico. Em Educação Física pesquisaram a história dos antigos times de futebol do município e as antigas brincadeiras de rua com demostração num desfile tradicional da cidade. Artes resgatou os objetos antigos e fotos que foram expostos no dia da culminância do projeto. Depois de levantados os dados necessários os professores de Língua Portuguesa orientaram os alunos a registrarem todas as informações através de contos, lendas, receitas culinárias, textos informativos, poesias, notícias .... Foi um trabalho belíssimo, um estudo criativo e prazeroso e os alunos encontratram sentido para as suas produções textuais.

Gestar em Santa Bárbara do Tugúrio


Na foto acima estão os cursistas do Gestar II em Santa Bárbara do Tugúrio e Paiva.Os encontros acontecem quinzenalmente, aos sábados, das 7:00 às 12:000h.Wilmar Campos de Siqueira e Sônia Márcia Baumgratz Barbosa são os formadores que com muito talento e dedicação fizeram que os ensinamentos e as mudanças propostas neste curso realmente acontecessem em nossa escola. Com muito profissionalismo contagiaram a todos os cursistas para que aos poucos deixassem de lado as idéias ultrapassadas a respeito de ensino e aprendizagem. É necessário que as mudanças aconteçam interiormente, caso contrário não passarão de mais idéias que ficarão "engavetadas". Mas esses profissionais brilhantes, conseguiram atingir a alma desses cursistas e fazer a diferença em nossa escola. Agora os alunos poderão construir seus conhecimentos e não decorar fórmulas e teorias que se tornarão insignificantes para eles. A aprendizagem tem um sentido amplo, rico e delicioso de mais uma conquista, de um novo "sabor" a ser experimentado. É essa a imagem de aprendizagem que idealizo para nossos "aprendizes"...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Gêneros Textuais: Definição e Funcionalidade

O que há de mais novo no que se refere ao estudo da linguagem são os gêneros textuais. Essa corrente de investigação é recente e aponta o trabalho com gêneros de texto como um caminho mais eficiente para o ensino da língua. Entre os pesquisadores que vem investigando essa área está Luiz Antônio Marcuschi, professor universitário, de quem encontramos vasto material sobre o assunto.
“Gêneros textuais: definição e funcionalidade” é o artigo introdutório do livro Gêneros textuais e ensino (2002), organizado por Ângela Paiva Dionísio, Anna Raquel Machado e Maria Auxiliadora Bezerra. O autor preocupa-se em esclarecer o conceito de gênero e algumas noções importantes para essa compreensão. Também tece considerações sobre gêneros ligados aos meios de comunicação que podem ser trabalhados em sala de aula.
Marcuschi define gêneros como eventos textuais que contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do cotidiano. São fenômenos históricos, maleáveis e dinâmicos, já que surgem para suprir necessidades e atividades sociais e culturais. Portanto, configuram-se também como uma forma de ação social. Ou seja, gêneros textuais são entidades sócio-discursivas, cujo surgimento vem sendo influenciado enormemente pelo uso intenso de novas tecnologias. Desta forma, ocorre a transmutação de gêneros ou a assimilação de um gênero por outro, originando formas inovadoras. Esses gêneros emergentes apresentam características próprias, como a apropriação de termos da oralidade e a maior integração entre diferentes gêneros e códigos comunicativos.
Entretanto, o conceito de gênero frequentemente é confundido com tipo textual. Marcuschi faz essa distinção. Para ele, gêneros de texto são realizações lingüísticas concretas, que cumprem funções em situações comunicativas. Formam um conjunto aberto, ao contrário dos tipos textuais, que se restringem a descrição, narração, exposição, argumentação e injunção. Observa-se que essas noções, consideradas como gêneros de texto nas escolas, constituem, na verdade, tipos textuais, ou seja, constructos teóricos definidos por sua natureza lingüística. Estes aparecem no interior dos gêneros, sendo que “um texto é em geral tipologicamente variado (heterogêneo)” (p.25). O pesquisador também apresenta as definições de domínio discursivo, texto e discurso. Domínio discursivo é uma esfera de produção discursiva ou de atividade humana que propicia o surgimento de gêneros específicos; texto é uma entidade concreta corporificada em um gênero; discurso são os efeitos do texto ao se manifestar em uma instância discursiva.
Segundo o autor, para classificar um texto em determinado gênero é preciso considerar diversos aspectos, como as funções comunicativas, a forma (aspectos estruturais e lingüísticos), o suporte e o ambiente em que é veiculado. No entanto, para Marcuschi, “os gêneros textuais caracterizam-se mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades lingüísticas e estruturais” (p.20). Além disso, o autor lembra que muitos textos apresentam uma configuração híbrida, sendo que o formato de um gênero é utilizado com a função de outro. Esse processo denomina-se “intertextualidade inter-gêneros” e distingue-se da heterogeneidade tipológica, definida por Marcuschi como a presença de vários tipos textuais em um mesmo gênero.
Por fim, o autor sugere a leitura, análise e produção de gêneros textuais, falados e escritos, literários ou não, como uma forma de trabalho com a língua “em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia” (p.35). E apóia sua posição na Lingüística Aplicada, pois a língua é trabalhada em um contexto comunicativo real, não através de enunciados soltos ou de gêneros que circulam apenas no universo escolar.
A definição de conceitos que Marcuschi apresenta é fundamental para a compreensão do tema e para o trabalho com gêneros textuais. No entanto, o autor não faz a distinção entre gênero e texto. Ambos são definidos como realizações lingüísticas concretas, que cumprem uma função comunicativa. Ao longo do artigo, esses termos chegam a ser tratados como sinônimos. De acordo como Zanotto (2005), gênero é um “agrupamento de textos com características comuns”, enquanto texto é uma unidade lingüística concreta, com propósito comunicativo. Esse autor nos oferece uma distinção clara e funcional entre ambos.
A proposta de trabalho com gêneros defendida por Marcuschi é uma nova perspectiva para o ensino da língua. Sua fundamentação na Lingüística Aplicada dá a impressão de que esse é o caminho buscado há tanto tempo por professores de Língua e Literatura, frustrados com os resultados obtidos através das estratégias de trabalho tradicionais. O ensino baseado na gramática, na coesão textual e nas modalidades retóricas mostrou-se ineficiente para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita dos alunos, como afirma Meurer (2000). Embora Marcuschi apresente um caminho, não demonstra como o trabalho pode ser desenvolvido, na prática. Está claro que esse não é o objetivo da introdução de um livro. Mas fica um gostinho de “quero mais”. Talvez seja o caso de se ler o livro todo. A julgar pelo primeiro capítulo, vale a pena.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Memorial de Leitura

Pensando em leitura, consigo voltar ao passado, em fases tão marcantes da minha vida, lembranças doces que quero guardar para sempre em minha memória.
Minha mãe, tão querida, sempre muito cuidadosa, foi quem me mostrou o prazer da leitura. Lia histórias de Contos de Fadas, tão encantadoras, que sempre pedia para que as recontasse. A vontade de ler foi crescendo dentro de mim... Ao assistir as Missas Dominicais, pegava o folheto e o seguia com os olhos fingindo saber ler. Queria muito ir à escola, junto com meu irmão (6 anos mais velho), mas ainda não tinha idade para ser matriculada. Naquela época, cidade do interior onde eu morava, Lagoa Dourada minha terra natal, criança só se matriculava aos 6 anos de idade, o “famoso” Pré-Primário, não tinha educação infantil. Então, minha mãe me ensinou a ler... Quando pude finalmente estar inserida no mundo escolar, já me destacava de muitas crianças, pois já estava alfabetizada. Fui sempre aquela aluna que lia bem, por isso, era sempre escolhida pela professora para fazer leituras nas Horas Cívicas. Sentia-me muito importante!
Lembro-me que naqueles tempos, o dinheiro era muito “curto”, então quando ganhava revista em quadrinhos, era o que eu mais gostava de ler, lia e relia a mesma revista diversas vezes, por fim, decorava as histórias. Enfim, ganhei uma coleção de livros “Tesouros de todos os Tempos”, eram ótimas as histórias, mas, tinha o livro predileto. Este de tanto ler, ficou com a capa danificada.
Passaram-se os anos, adolescência.... Gostava da famosa Coleção Vaga-lume. Qual estudante nunca leu um livro desta coleção? Os favoritos foram: Sozinha no Mundo e Éramos Seis. Mas, “como boa adolescente”, era seguidora das revistas teens.
Veio à vida acadêmica, fiquei fascinada com o curso, e na ânsia de aprender e formar-me boa profissional, não perdi tempo para ler os diversos livros que foram sugeridos pelos professores. Mas, como grande curiosa do comportamento humano, logo me interessei por livros que tratassem deste tema, sempre tão fascinante para mim. Livros estes, que muito me auxiliaram e até hoje enriquecem meu trabalho como Supervisora Pedagógica.
A cada livro, um aprendizado, um horizonte que se abre. O prazer de transporta-se para outro mundo, ouros lugares...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

GESTAR II - ATIVIDADES DA TP3


O texto 2 da página 20 é uma Receita Culinária. É possível perceber mesmo sem ler a receita, pela disposição em que foi escrita. Primeiro vem alguns tópicos, que são os ingredientes, posteriormente um texto explicativo.
O texto 3 é uma propaganda porque tenta convencer o leitor a se associar ao Greenpeace.
Não basta responder a pergunta da propaganda, porque o que se pretende é que o leitor reflita sobre ela e tome medidas de proteção ao Meio Ambiente.
A gravura é indispensável ao texto, já que a reflexão parte de uma análise da mesma.
Nos textos expostos as palavras e estruturas lingüísticas são diferentes. Textos do mesmo gênero são expostos da mesma forma.


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Sou pedagoga, responsável pelo trabalho desenvolvido nas turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal “Antônio Francisco da Silva” em Santa Bárbara do Tugúrio/MG.
Nas minhas horas de lazer, adoro “deliciar” um bom livro na rede da minha varanda, jogar um buraquinho com os amigos, viajar, e curtir minha casa, minha família maravilhosa...
Na minha comunidade, os comerciantes e funcionários públicos exercem as profissões mais valorizadas. Os pequenos agricultores e trabalhadores braçais as menos valorizadas. Com certeza, recebem o maior valor remuneratório, aqueles que possuem maior escolaridade.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Resenha do Filme "Os Narradores de Javé"



O filme “Narradores de Javé” conta a história de um povoado no interior da Bahia, denominado Vale de Javé, que sofre com a possibilidade de ter sua cidade inundada para a construção de uma Usina Hidrelétrica. Os moradores descobrem que os lugares que possuem um valor histórico são preservados e para isso teriam que comprovar ao governo através de um documento, que Vale de Javé possuía uma história rica e poderia ser tombada como Patrimônio Histórico.
Portanto, não havia nenhum registro escrito da história da cidade, somente a memória dos moradores mais antigos que poderiam contá-la. Juntos resolvem escrever um livro, de forma “científica”, para poder “provar” o valor cultural do lugar, já que seria a única forma de impedir a inundação e a perda de tudo o que possuíam. Mas, se depararam com um grande problema: as pessoas de lá não sabiam ler, nem escrever, por exceção de um único morador, Antônio Biá.
Antônio Biá era um homem pouco confiável, cheio de artimanhas,que já havia sido expulso do povoado por ter inventado várias calúnias dos moradores. Agora, a cidade dependeria dele, já que nenhuma outra pessoa era alfabetizada. Mas a finalidade era muito maior, e sem outro recurso, todos se reuniram na tentativa de convencer Antônio Biá a colaborar. A maior dificuldade seria confiar tanta responsabilidade, a vida de todos os moradores, nas mãos de um mentiroso, alcoólatra e articulador.
Mas todos, sem exceção, fizeram questão de contribuir e acompanhar toda a escrita do livro. Seguiram todos os passos de Biá, e se formou a grande confusão. Cada um tinha sua versão da história para contar, cada um transformando seus antepassados em heróis, e os relatos não se cruzavam. No primeiro relato, o fundador de Javé era Indalécio, um guerreiro em retirada que,
juntamente com seus companheiros de guerra, encontrou ali um lugar seguro. Já na versão de uma moradora, a heroína seria Maria Dina e para um morador negro, o fundador de Javé seria Indalêo, um africano. Ou seja, a história é sempre a mesma, mas os heróis são trocados de acordo com o narrador, que defende, com toda garra, a veracidade de sua versão.
Como dizia Antônio Biá “a história de Javé é uma história que já foi muito falada e contada, mas nunca escrita”. E agora, diante de uma ameaça, surge a necessidade de utilizar essa escrita, até então ignorada e distante de todos. E como dizia Biá “uma coisa é o fato ocorrido, outra coisa é o fato escrito”. E dessa forma tornou-se impossível escrever a história do Vale de Javé.
O filme mostra a importância da escrita e da memória, sem esses dois aspectos um povoado inteiro deixa de existir, se torna sem valor. E assim ocorreu, como não conseguiram provar sua história, a cidade foi inundada e todos os moradores tiveram que deixar ali suas casas, suas lembranças de uma vida inteira, dos avós, dos pais que ali foram enterrados. Lembranças de uma infância pobre, mas feliz, já que ali era o mundo que conheciam. Colocaram todos os seus bens materiais em cima de burros e do único veículo da cidade. E, assim seguiram juntos para um outro destino, um lugar sossegado para reconstruir uma nova cidadela, um novo lar.
Para não cometer o mesmo erro, Biá começa a registrar cada passo que teriam de agora em diante, as novas descobertas. Começa a primeira página do livro que seria o registro do novo povoado que iria se formar. Agora,com o registro escrito, a história não mais se perderia, não seria confundida por casos que cada um contaria a sua maneira, sob seu olhar, apresentando diferenças, desvios, exageros.
Narradores de Javé é um filme completamente marcado pela memória, mas uma memória produzida pela fala, pela narração. O filme trata a memória como algo dinâmico e não algo que pode ser arquivado e, em algum momento, resgatado.
Outro aspecto de destaque no filme é a relação entre oralidade e escrita. Vale do Javé é uma comunidade essencialmente oral. A divisão e a apropriação de terras, por exemplo, eram cantadas, ou seja, era o canto que legitimava sua posse e não um documento oficial.
Chama a atenção também a variedade lingüística do Português. O modo de falar dos personagens, as expressões utilizadas por eles, seu dialeto.
Narradores de Javé traz assuntos polêmicos e atuais, que são abordados de forma inteligente, e além de tudo o filme é muito engraçado e prazeroso de assistir.





domingo, 10 de maio de 2009

Poesia

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar.
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"
(Clarice Lispector)